30/01/2012

Caro Sr. Rubens.

Eu tento lhe desvendar por meio de algumas escritas e histórias, mas por vezes, muito estes estão unidos com suspiros de admiração e até me lembro de alguns com rancor.
Desenho-te, junto a minha imaginação, um rosto magro, cabelos escuros, um bigode fininho acima da boca e um corpo magro e frágil com um ar muito intelectual.
Como em um conto não terminado, eu escuto teus passos na madrugada clara e fria em busca de mais um novo emprego, cigarro à boca, o raspar do fósforo, a primeira baforada de muitas outras que vão se estender até o fim da iluminação natural que a cidade urbana permite.
Virão outros cigarros, o tempo vai se esgotando entre o homem, na medida de cada baforada, sua filha o espera assim como a noite se apresenta diante as luzes dos postes, as mulheres da vida, se multiplicam os jogos de azar, a cidade é um pavio curto para desejos imediatos, meu caro.
No bairro próximo a sua casa, a noite toma conta completa das ruas, contudo as crianças aquecem o espírito noturno, nunca é tarde demais para as crianças, ah sua filha, as saudades lhe vem ao peito, o abraçar de uma criança repleta de inocências, é cruel pensar que estas são destruídas ao longo do tempo, até mesmo para tua filhinha.
Enfim, teve sua filha aos braços, correria pela casa, choro e muita confusão, sem imaginar sua relação com sua amada mulher; pulo para a parte dos livros.
Entre tão poucos quartos há um refúgio por detrás das folhas, os livros o tomam conta, o cigarro mantém-se a boca, a fumaça entra em contato com o ar, assim como se embarca em uma viagem , viagem do imaginar, defrontando-se com tudo que é tão racional e vívido perante teus dias.

Assim como eu, na deliciosa capacidade de adentrar a imaginação, fiz um rascunho, rabisco, da pessoa a qual nunca tive a possibilidade de me apresentar, mas, perante aos traços da família e toda essa sua proeza misteriosa de encantar, te guardo no peito, como uma forma de querer te amar.



Um comentário:

  1. Lindo meu amor... vc me emocionou.
    O Sr. Rubens, como vc o intitulou, o Rubão para alguns (apesar da fragilidade)o simplesmente Rubens, o pai para mim, este cara enfim,teria muito orgulho de vc com certeza, como eu.Ele chegou a descobrir apenas brevemente que eu gostava de escrever, ficaria feliz de ler vc! Feliz e orgulhoso da semente que plantei em ti,este presente P.,transcende vidas e sei que vc o plantara também um dia. Vejo um pouco dele em vc também mas desconfio que é o amor que se entrelaça em meu coração e me faz pensar assim,pois nossa relação é parecida com a que eu tinha com ele.Cheia de debates, de abraços que dizem tanto, de silencios que falam até mais, de alegrias,perdões e tanto,tanto amor.
    Se hoje ele estive aqui, mesmo velho,descobriria uma forma de zombar com vc, lhe indicar um livro, iria lhe propor longas caminhadas e não sei dizer quem iria se deliciar mais... Obrigada pelo presente meu amor. Telma Castilho.

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