Já era o fim da sua história.
Seu corpo praguejava por tal acontecer.
O pânico se tornou presente, quando novamente pode entreabrir os olhos, com a consciência pesada.
Sempre houvera proteção demais, seriedade demais, contudo, tornaram-se, simples homens.
O medo que tivera por toda a vida, sempre fora algo desagradável, de algum modo isso o agravara de forma mais intensa naquele momento.
Ricardo, amargando seus supostos últimos minutos, pensou na morte. Sua única certeza plena.
A morte vinha bem acompanhada com o desfruto de tantos amores, amores que não tinham a mesma certeza como ele tinha da morte.
Sentimentos a parte, opiniões a parte, intolerâncias e dinheiro a parte, de nada disso ele levaria.
O sangue cobria o chão e ele puxava do bolso o que seria sua última tragada da sua vida.
Tudo o que ele definia por si mesmo, estava acabado, como o mundo poderia ser tão banal agora?
Arrependera-se de viver assim, se caso outra vida o aparecesse após dessa aproveitaria ao máximo, como jamais aproveitariam.
Mas a morte não viera sorrindo, nem mesmo aparecera e Ricardo com suas tragadas, observava as estrelas.
Ele levantou-se do chão, não havia algum sangramento, nada lhe ocorrera e este voltara a se re-conectar com a vida, com tudo; que há alguns minutos atrás não eram nada.
Jogara o cigarro no chão, o ponteiro marcava duas horas em ponto enquanto ele rumava para sua casa e hibernar até que o ponteiro marcasse, como de costume às sete horas.
Ele precisava trabalhar, para se manter com suas tragadas e quem sabe, outro dia que não seja de sua morte, ele talvez realmente mude.
Mas, por enquanto. Ele habita as páginas do pensar humano.