28/04/2011

As tragadas que virão.

Já era o fim da sua história.
Seu corpo praguejava por tal acontecer.

O pânico se tornou presente, quando novamente pode entreabrir os olhos, com a consciência pesada.
Sempre houvera proteção demais, seriedade demais, contudo, tornaram-se, simples homens.

O medo que tivera por toda a vida, sempre fora algo desagradável, de algum modo isso o agravara de forma mais intensa naquele momento.

Ricardo, amargando seus supostos últimos minutos, pensou na morte. Sua única certeza plena.

A morte vinha bem acompanhada com o desfruto de tantos amores, amores que não tinham a mesma certeza como ele tinha da morte.

Sentimentos a parte, opiniões a parte, intolerâncias e dinheiro a parte, de nada disso ele levaria.

O sangue cobria o chão e ele puxava do bolso o que seria sua última tragada da sua vida.

Tudo o que ele definia por si mesmo, estava acabado, como o mundo poderia ser tão banal agora?

Arrependera-se de viver assim, se caso outra vida o aparecesse após dessa aproveitaria ao máximo, como jamais aproveitariam.

Mas a morte não viera sorrindo, nem mesmo aparecera e Ricardo com suas tragadas, observava as estrelas.

Ele levantou-se do chão, não havia algum sangramento, nada lhe ocorrera e este voltara a se re-conectar com a vida, com tudo; que há alguns minutos atrás não eram nada.

Jogara o cigarro no chão, o ponteiro marcava duas horas em ponto enquanto ele rumava para sua casa e hibernar até que o ponteiro marcasse, como de costume às sete horas.

Ele precisava trabalhar, para se manter com suas tragadas e quem sabe, outro dia que não seja de sua morte, ele talvez realmente mude.

Mas, por enquanto. Ele habita as páginas do pensar humano.